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O custo da não colaboração

Toda organização precisa gerar resultados para sobreviver, mesmo aquelas que
não possuem o lucro como finalidade. Os resultados empresariais são
consequências das decisões que as pessoas tomam no dia a dia e estão
relacionados com a entregar de valor ao seu cliente. Todo negócio precisa ter um
propósito claro e um alinhamento estratégico que o conecte às decisões e ações
e, emocionalmente, com as pessoas do time da organização.


Toda empresa precisa conhecer o seu modelo de negócio ou, de forma simples, o
seu manual de operação, independente do porte ou da sofisticação utilizada na
gestão. Essa compreensão permite você definir o que quer ofertar, para quem
ofertar, definir qual dor do seu cliente você propõe diminuir ou sanar. É preciso
administrar recursos financeiros para produzir, para operar e pagar todo mundo
(governo, fornecedores, colaboradores, acionistas), além do lucro para reinvestir na
própria operação, criando a possibilidade do crescimento. Possibilidade porque é
preciso gerir bem todos os recursos, ter pessoas preparadas para tomar decisões
certas para crescer de forma sustentável. No Brasil, muitas organizações
investiram em conhecimento, ferramentas e metodologias, exportando modelos
de gestão para outros países, nos apresentando ao mundo como bons
administradores e executores.


O mundo, seu cliente, precisa de uma forma diferente das organizações. Muito
investimento foi realizado, por anos, para que o cliente se identificasse com as
marcas das empresas e, hoje, esses clientes têm voz presente no mundo digital.
São essas vozes diversas que vem impactando cada vez mais o comportamento
organizacional, demonstrando que essa influência ocorre no nível da identificação
com o negócio e não somente com a marca. Ou seja, o consumidor quer saber
como a empresa gera o seu resultado e como ela se posiciona diante das principais
questões de sustentabilidade e responsabilidade social no mundo. Se nos países
mais desenvolvidos a experiência do cliente é uma realidade, aqui no Brasil ainda
é uma oportunidade para muitas organizações, mas será fator decisivo para a
sobrevivência no futuro.


Inovar, um verbo transitivo direto, significa tornar novo, renovar, restaurar,
introduzir uma novidade em si. Se vamos criar algo novo, sabemos que é preciso
pensar diferente, pensar na nova necessidade desse novo cliente, que ainda pode
não existir hoje. Bom, no meu entendimento, estamos vivendo em um mundo
complexo, ambíguo, com grande disponibilidade de informações, onde estar
atento é um desafio. Um ponto importante ao pensar em inovação consiste em
definir o novo “para quem?”. Algo que já foi inventado, testado por outros e trará
impacto positivo para o resultado é uma inovação para o seu negócio e requer um
processo para ser implementada com sucesso. Aliás, o que deu certo para o outro,
para dar certo precisa começar entendendo que aqui não é o outro e perceber as
diferenças e seus impactos na ideação e implementação. As pessoas precisam
perceber um ambiente que estimule o pensar diferente, onde o diálogo seja mais
que uma avaliação, em que se sintam seguras para compartilhar.


Nesse cenário de inovação estamos vivendo uma imersão das pessoas em vídeo,
trazendo a individualização plena da tela de vídeo. Os nossos clientes agora deixamde ter apenas voz para ter imagem na rede. Se antes você precisava estar
fisicamente presente, hoje descobre que pode se relacionar com pessoas que
antes não poderia encontrar devido à distância. Os eventos sociais estão mais
inclusivos com quem não poderia antes estar presente. Ainda não descobrimos
completamente este “novo mundo”, mas já sabemos que temos um mundo muito
maior e, virtualmente, mais acessível do que ontem tínhamos. Além disso, para
obter acesso a tudo isso, é necessário se expor e se posicionar para o seu cliente. A
exposição gera informação que gera identificação, abrindo uma nova camada de
possibilidades de matches entre a empresa e seu cliente que é muito diverso,
especialmente no Brasil.


Quando eu penso na chegada dos robôs nas linhas de produção, eu tenho fortes
indícios que grande parte do trabalho será direcionado para a capacidade de
pensar, planejar e se relacionar com outros humanos. Na verdade, penso que já são
competências essenciais de qualquer líder moderno e busco destacá-las por
relevância nesse futuro que já chegou. Por essa razão, eu insisto em falar na
linguagem do desenvolvimento como forma de ampliar a possibilidade de gerar
resultados dentro de uma organização.


Quando se tem a clareza que para gerar resultado é preciso contar com a atitude
das pessoas, consegue-se perceber o poder da identificação entre o colaborador e
o propósito para o qual ele serve. Explicitar o propósito organizacional e torná-lo
central nas decisões pode criar um time de colaboradores engajados, feliz e mais
disposto ao pensar para criar. Assim como para inovar existe o custo da inovação
(custo do aprendizado com o erro), um negócio que não considera o ativo
intelectual das pessoas passa a conviver com outro custo: o custo da não
colaboração.


Em uma organização piramidal cada área é responsável por seus resultados e a
responsabilidade de sincronizar todas as ações e projetos acaba sendo do principal
executivo. Se pensarmos em um time de futebol, o técnico seria o CEO. Se cada
líder responsável por um papel dentro do jogo buscar marcar o gol sozinho, a
performance do time como um todo perderá. Um time forte joga junto, um
vibrando com as conquistas ao mesmo tempo que o CEO desafia individualmente
cada um para a superação. Nesse caso, o custo da não colaboração pode ser a
diferença entre continuar ou não no jogo. Nas organizações, o custo da não
colaboração pode aumentar o custo da inovação e inviabilizar a transformação
necessária do seu negócio para sobreviver.

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